Movimento Renascença: A problemática do clero e as heresias da seita Nikken


O que é o clero da Nichiren Shoshu?


Desde a sua fundação, a Soka Gakkai é uma entidade leiga autônoma e seus membros receberam orientação sobre a prática do Budismo de Nichiren Daishonin de seus líderes sem ficar subordinados ao clero da Nichiren Shoshu.
A Soka Gakkai assumiu essa posição porque seu fundador e primeiro presidente, Tsunesaburo Makiguchi, via com olhos críticos a situação do clero da Nichiren Shoshu, que havia se afastado do espírito do buda Nichiren Daishonin, tornando-se uma entidade religiosa que, tal como outras seitas budistas, se ocupava apenas de formalidades religiosas, como funerais e cerimônias em memória dos falecidos. Por essa decadência que se observou ao longo de muitos anos, as seitas budistas em geral foram chamadas pela população de “religião de funeral” pelo fato de os bonzos cobrarem donativos exorbitantes.
Além disso, os clérigos da Nichiren Shoshu não tinham consciência de que o budismo de Daishonin expunha os princípios fundamentais para mudar o destino das pessoas e da sociedade nem se esforçavam em propagá-lo visando o kosen-rufu. Em virtude desse declínio, agravado com a disputa interna de poder entre os clérigos, a doutrina de Nichiren Daishonin, herdada por Nikko Shonin, estava sendo desviada dos seus reais propósitos. Diante desse cenário, a Soka Gakkai recuperou a legitimidade do Budismo de Nichiren Daishonin como religião viva que conduz as pessoas à felicidade e promove a paz social.
Na época da segunda guerra mundial, o governo japonês, desrespeitando o direito a liberdade de crença, obrigou o povo japonês a aceitar o xintoísmo como religião oficial e instituiu a adoção do talismã xintoísta como objeto de adoração por todas as demais religiões.
Em meio a essa circunstância, o clero orientou os adeptos a seguir o xintoísmo, proibiu a publicação do Gosho de Nichiren Daishonin, chegando inclusive a eliminar frases dos escritos que pudessem ofender o governo xintoísta.
Além disso, apoiou ativamente os atos de guerra, instigando os adeptos a orar pela vitória nas frentes de batalha. 
Esses fatos deixaram evidente a inexistência do espírito de Nichiren Daishonin no clero da Nichiren Shoshu.
Em contrapartida, os presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda mantiveram este espírito ao rejeitar energicamente a imposição do clero, que tentou obrigar a Soka Gakkai a adotar o talismã xintoísta. Eles defenderam a liberdade de crença, lutando contra a ordem do governo totalitário japonês de controlar o pensamento e a convicção religiosa.
O presidente Toda empenhou-se em proteger o clero na esperança de estabelecer a harmonia entre clérigos e leigos. Em 1952, quando a Soka Gakkai já estava com uma estrutura mais forte, Toda organizou peregrinações ao Templo Principal para os membros apoiarem o clero a solucionar a situação financeira caótica em que se encontrava e elaborou também o projeto de construção de templos locais.
Após assumir como terceiro presidente da Soka Gakkai, Daisaku Ikeda continuou a proteger o clero. Assim, o presidente Ikeda promoveu a construção do Daikyakuden e do Sho-Hondo (ambos destruídos mais tarde pelo sumo prelado Nikken) nas áreas do Templo Principal, além de erguer mais de 350 templos locais.

A problemática do clero


Ao longo dos anos, ocorreram atritos entre o clero da Nichiren Shoshu e a Soka Gakkai, devido à natureza autoritária dos clérigos. Todas as vezes a situação era contornada com a iniciativa da Soka Gakkai de manter a harmonia entre clérigos e adeptos. Dentre eles, destacam-se dois:
O primeiro foi no fim da década de 1970, quando um grupo de clérigos da Nichiren Shoshu atacou de forma injustificada a Soka Gakkai para persuadir os membros a se afastar da organização e a se tornar adeptos diretos dos templos (Danto).
O segundo aconteceu em dezembro de 1990. Nessa ocasião, o clero da Nichiren Shoshu, sob a liderança do sumo prelado Nikken, atacou repentinamente a Soka Gakkai com críticas e difamações infundadas. O clero pôs em ação um plano arquitetado por Nikken para destruir a organização e usurpar seus membros. Essa estratégia ficou conhecida como “Plano C” (a letra “c” é a inicial da palavra cut — “cortar”, em inglês — indicando o ato de “cortar a Soka Gakkai”).
Assim, sem qualquer justificativa, o clero destituiu o presidente Ikeda e os líderes da Soka Gakkai da função de coordenadores da Hokkeko (Associação de Leigos da Nichiren Shoshu). A direção do clero recusou todos os pedidos dos líderes da Soka Gakkai de dialogar sobre a problemática numa tentativa de encontrar soluções. Em 28 de novembro de 1991, o clero excomungou os membros da Soka Gakkai, negando-lhes a concessão do Gohonzon.
Em 1993, a Soka Gakkai adotou o Gohonzon transcrito por Nichikan Shonin, promovendo a concessão do objeto de devoção aos membros do mundo inteiro. Dessa maneira, ela se tornou uma instituição independente do clero em todos os aspectos e assinalou um grande avanço como organização promotora do kosen-rufu, diretamente ligada a Nichiren Daishonin.
A heresia do clero e a retidão da Soka Gakkai tornaram-se evidentes passados poucos anos do início da problemática. A Soka Gakkai se expandiu de 115 países, em 1990, para 192 países, em 2008. Já o clero seguiu por uma trilha de decadência.
Alegando problemas de saúde, em dezembro de 2005, Nikken afastou-se da mais alta posição do clero, transferindo o posto de sumo prelado para Nichinyo. Entretanto, a correnteza do clero foi definitivamente manchada pelas ações maléficas de Nikken, transformando-se numa seita herética totalmente contrária ao Budismo de Nichiren Daishonin. Por essa razão, nós a denominamos seita Nikken.

A problemática do clero no Brasil


As ações maléficas do clero da Nichiren Shoshu afetaram também a BSGI. No Brasil, sob a consideração do presidente Ikeda, o clero estabeleceu um templo nas dependências da própria sede da organização, ainda na década de 1960. A partir de então, o clero vinha mantendo um sacerdote prior do templo em torno do qual se realizavam cerimônias religiosas. 
Por ocasião da primeira problemática do clero no final da década de 1970, o prior do templo instalado no Brasil promoveu também um movimento para persuadir os membros da BSGI a se afastarem da organização e se tornarem seus adeptos diretos (Danto). Em consequência, algumas pessoas acabaram se afastando, constituindo um grupo ligado diretamente ao templo.
No intervalo entre a ocorrência da primeira e da segunda problemática do clero, novamente por consideração do presidente Ikeda, os membros da BSGI promoveram ampla campanha de contribuição para a construção de um novo prédio do templo, em São Paulo, cuja conclusão se deu no início de 1983.
Mais tarde, por conta da segunda problemática do clero na década de 1990, o grupo de adeptos ligados diretamente ao templo promoveu uma manobra jurídica ilegal, destituindo a diretoria legítima da entidade (em sua maioria formada por líderes da BSGI). E dessa forma, tal grupo de adeptos, junto com os sacerdotes do templo, tentaram se apossar do imóvel anteriormente construído com as contribuições dos membros da BSGI.
Após uma longa batalha judicial, finalmente, em 14 de maio de 2008, a justiça de São Paulo deu posse à diretoria legítima, determinando-lhe a retomada da administração do templo e, consequentemente, a expulsão dos invasores daquele local. No dia 1º de agosto daquele ano, o templo foi reaberto sob nova denominação concedida pelo presidente Ikeda de Josho Kaikan, isto é, Castelo de Contínuas Vitórias.
No Brasil, o empenho de toda a organização na luta contra as ações maléficas da seita Nikken vem sendo denominado de Movimento Renascença.

As heresias da seita Nikken


1. Ameaça de destruição do kosen-rufu
Em novembro de 1991, o clero enviou uma ordem de excomunhão à Soka Gakkai. Nessa notificação não foi mencionada nenhuma evidência do ponto de vista da doutrina nem citações do Gosho de Nichiren Daishonin. As únicas alegações eram de caráter autoritário e ressentimentos pela falta de submissão da Soka Gakkai à autoridade do clero.
Conforme os ditos dourados de Daishonin — “O grande desejo é a propagação do Sutra do Lótus” (GZ, p. 736) e “...grande desejo da ampla propagação [kosen-rufu]..” (CEND, v. I, p. 226) —, a realização do kosen-rufu é o verdadeiro testamento do buda original. A Soka Gakkai sempre se empenhou na realização do shakubuku, propagando o Budismo de Nichiren Daishonin ao mundo inteiro por intermédio da SGI. 
Portanto, as ações do clero representam a gravíssima heresia da tentativa de destruição do próprio kosen-rufu. Em outras palavras, são calúnias da maior gravidade, pois se opõem ao nobre espírito do buda Nichiren Daishonin em prol da felicidade de toda a humanidade.
2. Absolutismo do sumo prelado
A adoração incondicional ao sumo prelado é o único ponto em que a seita Nikken se sustenta na tentativa de frear sua decadência diante da frustrada perseguição à SGI e a seus membros. Esse absolutismo do sumo prelado é claramente uma heresia aos ensinamentos do buda Nichiren Daishonin. Essa ideia absurda, de que o sumo prelado é absoluto, não consta em nenhum escrito de Daishonin nem nas diretrizes deixadas pelo seu sucessor, Nikko Shonin. Pelo contrário, Nikko Shonin refuta o absolutismo do sumo prelado nos seus Vinte e Seis Artigos de Advertência, afirmando: “Mesmo que o sumo prelado em exercício dite normas que se oponham ao budismo, ninguém deve adotá-las em absoluto” (GZ, p. 1618).
3. Distorção do conceito de
herança do sangue vital
A seita Nikken transformou a concepção sobre a herança do sangue vital (transmissão da doutrina budista) numa crença mistificada. Ou seja, para o clero, a simples sucessão ao posto de sumo prelado faz do novo ocupante um indivíduo dotado da iluminação do Buda e dos “ensinamentos secretamente transmitidos” no ato da sucessão. Essa ideia é totalmente distorcida e nada tem a ver com o conceito de herança do sangue vital exposto por Daishonin e Nikko Shonin.
No escrito A Herança da Suprema Lei da Vida consta: “Nichiren tem se empenhado em fazer com que todas as pessoas do Japão despertem para a fé no Sutra do Lótus a fim de que elas também possam compartilhar essa herança e atingir o estado de buda” (CEND, v. I, p. 226). Sendo assim, o sangue vital dos ensinamentos de Nichiren Daishonin é herdado pelas pessoas que têm fé no budismo. Não é monopólio de determinado indivíduo.
No mesmo escrito consta: “Sem a herança da fé, mesmo o ato de abraçar o Sutra do Lótus será inútil” (Ibidem, p. 227). Essa frase expõe claramente que a transmissão da herança do sangue vital ocorre somente quando é mantida a genuína fé nos ensinamentos de Daishonin, e não da forma mistificada que estabelece como condição a detenção do poder exercido pelo sumo prelado. O fato de se opor aos ensinamentos de Nichiren Daishonin — como a seita Nikken fez — leva a uma prática sem o sangue vital da fé, razão pela qual não surgem benefícios, mesmo abraçando o Gohonzon.
4. Abuso em cerimônias religiosas
Uma das grandes calúnias cometidas pela seita Nikken refere-se ao abuso em cerimônias religiosas. Exemplo dessa ação é a cerimônia de funeral, utilizada como instrumento de arrecadação de dinheiro. O clero alega que a presença de sacerdotes em funerais é obrigatória para o falecido atingir a iluminação, pois somente eles estão capacitados a conceder essa condição. Alega ainda que a cerimônia de falecimento sem a presença de um sacerdote conduz o falecido ao inferno. Trata-se de um abuso da posição de religioso e uma forma de tirar proveito das famílias enlutadas num momento de tristeza.
Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Por ter recitado o Nam-myoho-renge-kyo em vida, seu saudoso pai é uma pessoa que atingiu o estado de buda na forma que se apresenta” (WND, v. 1, p. 1064). Assim, Daishonin enfatiza que a iluminação das pessoas depende unicamente da prática da fé e das ações realizadas em vida. Não é algo definido pelo indivíduo que celebra o funeral.
Portanto, essa atitude dos sacerdotes constitui grande heresia, um ato que distorce totalmente o Budismo de Nichiren Daishonin. Durante toda a vida, Daishonin não conduziu nenhum funeral de seus discípulos, não deu nomes póstumos (kaimyo), nem escreveu ripas em memória aos falecidos (toba). Todos esses ritos foram criados posteriormente pelos clérigos como fonte de renda.
5. Discriminação entre
clérigos e leigos
A seita Nikken criou o princípio de “mestre e discípulo entre clérigos e leigos”, ou seja, pôs os sacerdotes numa posição superior como mestre; e os leigos, na condição inferior de discípulos.
Também determinou que os leigos deveriam obedecer cegamente aos clérigos. Esta é uma forma de discriminação entre praticantes do budismo. Além disso, o princípio de mestre e discípulo exposto no budismo não é uma relação que se estabelece por uma simples diferença de posição. 
Nichiren Daishonin e Nikko Shonin jamais mencionaram conceitos rígidos do tipo “o sacerdote é o mestre; o leigo, o discípulo”. Pelo contrário, Daishonin afirma sobre a igualdade entre clérigos e leigos: “... o Buda considera que qualquer pessoa deste mundo que abrace o Sutra do Lótus — leigo ou leiga, sacerdote ou monja — seja a soberana de todos os seres vivos” (CEND, v. I, p. 484).
Portanto, a introdução da discriminação entre os praticantes é um ato que contraria o espírito do Budismo de Nichiren Daishonin.
6. Degeneração religiosa
Nichiren Daishonin definiu o caminho dos sacerdotes com as seguintes palavras: “O verdadeiro sacerdote é aquele que mantém pura honestidade, rara cobiça e sábio sustento” (GZ, p. 1056). Entretanto, o comportamento de Nikken e dos sacerdotes de sua seita contraria totalmente os ensinamentos do buda Nichiren Daishonin.
A vida de ostentação que Nikken levava em suas frequentes visitas a hotéis de alto luxo e a águas termais é notória. Comportamentos semelhantes eram apresentados por grande número de reverendos da seita Nikken, tornando-a um grupo de “aproveitadores” do budismo que nada tem a ver com o real espírito ensinado por Daishonin.
Com rigor, Nichiren Daishonin repreende esses maus sacerdotes, referindo-se a eles como “animais vestidos de mantos clericais” (END, v. 1, p. 385) e “espíritos famintos devoradores da Lei” (CEND, v. I, p. 198).
Conclusão: A importância do
Movimento Renascença
Em relação aos “inimigos do Sutra do Lótus” e aos “inimigos do Buda”, Nichiren Daishonin ensina em diversas passagens sobre a atitude de denunciá-los veementemente, como nas seguintes frases: “Em vez de oferecer dez mil orações para remediar, seria melhor simplesmente banir esse único mal!” (CEND, v. I, p. 15) e “Por maiores que sejam as boas causas que as pessoas realizem, ou por mais que leiam e copiem o Sutra do Lótus inteiro mil ou dez mil vezes, ou atinjam o caminho da compreensão dos três mil mundos num único momento da vida, se falham em denunciar os inimigos do Sutra do Lótus, será impossível entrarem no caminho” (Ibidem, p. 80). Daishonin afirma que, sem a atitude de combater os inimigos do Sutra do Lótus, não há como manifestar a iluminação.
O combate às ações que tentam destruir o budismo é a maior das responsabilidades de um verdadeiro praticante budista. Ignorar essas maldades, sem combatê-las, torna-se uma atitude caluniosa, conivente com a destruição do budismo. Além disso, uma luta contra as maldades é em si uma prática para se elevar a condição de vida rumo à própria felicidade absoluta.
Em síntese, devemos nos empenhar cada vez mais em prol da propagação mundial do budismo por meio da realização do shakubuku, enquanto combatemos com firmeza as maldades da seita Nikken.

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